Com o expressivo crescimento da produção científica, aliada ao avanço das tecnologias de informação, surge o modelo de Open Archives (OA), com padrões delineados pelo Open Archives Initiative (OAI), que busca facilitar o acesso à informação científica.
Por “filosofia aberta” Costa e Moreira (2003) definem o movimento observado nos últimos anos em direção ao uso de ferramentas, estratégias e metodologias que denotam um novo modo de representar um novo processo de comunicação científica, ao mesmo tempo que serve de base para interpretá-lo. Compreende entre outras questões: a) software aberto (ou livre), para o desenvolvimento de aplicações em computador; b) arquivos abertos, para interoperabilidade em âmbito global; e c) acesso aberto à questão mais polêmica para uma ampla e irrestrita disseminação de resultados da pesquisa científica.
Segundo Café e Lage (2002), uma reunião em Budapeste realizada no final de 2001, promovida pelo Open Society Institute (OSI), promulgou um dos mais importantes documentos sobre as iniciativas do Movimento de Acesso Livre, mais conhecido como Budapest Open Access Initiative (BOAI). A BOAI instituiu, portanto, o significado do âmbito do acesso livre e determinou duas estratégias. A primeira diz respeito ao autoarquivamento, no qual o autor deposita seus textos completos em arquivos eletrônicos abertos. Estes arquivos devem seguir as normas do protocolo da Open Archive Initiative para que possa ser efetuada a coleta automática de dados, facilitando o acesso ao conteúdo. A segunda refere-se ao financiamento de revistas que publicam resultados de pesquisas e que cobram pela assinatura ou acesso.
Em 11 de abril de 2003, reuniram-se, na sede do Haward Hughes Medical Institute, cientistas, editores, bibliotecários, entre outros, ligados à informação na área biomédica. Nessa reunião, eles discutiram a forma de promover o acesso livre à literatura científica, o que deu origem ao documento Bethesda Statement on Open Acces Publishing também conhecido como Declaração de Bethesda. Esse documento declara que a intenção deste grupo é:
[…] delinear um conjunto de princípios que iremos seguir para obter um apoio formal de agências de financiamento, sociedades científicas, editores, bibliotecários, institutos de investigação e investigadores a título individual para a aceitação de uma norma de publicação de resultados revistos pelos pares de investigação científica as ciências biomédicas (SARMENTO et al., 2007, p.2)
No mesmo ano, em 22 de outubro, a chamada Declaração de Berlim foi subscrita por representantes de instituições científicas europeias, entre as quais a Sociedade Max Planck (Alemanha) e o Centre National de la Recherche Scientifique (CVRS- França), que apoiaram o acesso livre e o depósito de documentos nesse modelo de publicação. De acordo com a tradução do documento da Declaração de Berlim feita por Sarmento e colaboradores (2007, p.2), uma das intenções do grupo é encorajar os seus pesquisadores e bolsistas a publicar seus trabalhos de acordo com os princípios do paradigma do acesso livre, outra é desenvolver meios para avaliar contribuições em acesso livre e periódicos em linha de forma a assegurar os padrões de qualidade e as boas práticas científicas; além disso, advogam que a publicação em acesso livre seja reconhecida para efeitos de avaliação e progressão acadêmica.
Os diversos posicionamentos expressos na BOAI, na Declaração de Bethesda e na Declaração de Berlim, e os vários outros documentos equivalentes, destacam que os objetivos dos movimentos em favor do acesso livre ao conhecimento científico devem ressaltar a interoperabilidade de máquinas que albergam não só repositórios de conhecimentos, por exemplo, o OAI-PMH, uma relevante tecnologia de suporte aos arquivos abertos, mas também questões concomitantes com a eliminação das barreiras de acesso ao conhecimento e sua permissão de uso (Acesso Livre), com destaque para os impactos dessas discussões sobre a pesquisa e a visibilidade das produções científicas, artísticas etc., dos pesquisadores.
Destaca-se aqui uma definição de Suber (2003) segundo a qual o acesso livre é a acessibilidade ampla e irrestrita a conteúdos disponíveis em formato digital, com vistas a remover barreiras de preço e de permissão, tornando a literatura científica disponível com o mínimo de restrições de uso.
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