A partir do modelo OA surgem os repositórios digitais para disponibilizar o acesso às fontes de informação científica, criadas em ambiente acadêmico. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) desempenha o papel de fomentador na implantação de repositórios digitais.
Segundo Kuramoto (2008), o conceito de repositório digital corresponde a toda e qualquer aplicação sistemática em um banco de dados. Um repositório digital, além de englobar vários documentos eletrônicos, deve ter mecanismos de busca que facilitam o acesso a esses acervos eletrônicos.
Nessa linha de raciocínio, observa-se que os repositórios digitais podem servir a várias aplicações como abrigar: artigos de uma determinada revista ou de várias revistas permitindo, inclusive, todo o processo de avaliação cega realizado pelos pares, com controles de registros de submissão, avaliação e edição, políticas editoriais; publicações produzidas no âmbito dos cursos de graduação, programas de pós-graduação, trabalhos de conclusão de curso (TCCs), dissertações; e produção por tema ou área do conhecimento, entre outras aplicações.
Um repositório digital é também, para Weitzel (2006, p.59), um arquivo digital que reúne uma coleção de documentos digitais de um tema ou de uma instituição, a respeito dos quais a autora esclarece que de um modo geral as expressões “repositórios institucionais” ou repositórios “temáticos” caracterizam a produção científica de uma instituição ou de uma área, respectivamente. A autora cita como exemplo de repositório institucional o E-LIS (http://eprints.rclis.org) e de temático o Reposcom (http://reposcom.portcom.intercom.org.br). Com base em Drake (2004) e em Silva e Tomaél (2008) destacam-se os seguintes aspectos segundo os quais os repositórios podem ser classificados e divididos:
· Quanto aos objetivos, em acadêmicos científicos (disponibilizar a produção de uma instituição de ensino superior – IES) e artísticos, culturais e sociais (preservar e armazenar documentos de interesse geral da sociedade);
· Quanto ao conteúdo, em temáticos (restringem-se a uma determinada área do conhecimento) e institucionais (produção científica de uma instituição);
· Quanto ao tipo de documento, em monodocumentais (um tipo de documento) e multidocumentais (vários tipos de documentos);
· Quanto à administração, em consorciados (inúmeras instituições), centralizados (apenas uma administração) e descentralizados (administração partilhada em diversas organizações ou departamentos);
· Quanto ao tipo de objeto digital, em textuais (arquivos de textos) e multimidiáticos (objetos diversos).
· Quanto ao software destaca-se o tipo de software utilizado e procura-se saber se todos os requisitos legais para o acesso aberto são permitidos pelo software.
Nesse contexto, tratando do conteúdo dos repositórios, a literatura aponta uma divisão de dois tipos: institucionais e temáticos. Para Kuramoto (2006, p. 84), os repositórios institucionais “[...] são um conjunto de serviços oferecidos por uma instituição para os membros de sua comunidade, para a gestão e disseminação da sua produção técnico-científica em meio digital”, ao passo que os repositórios temáticos “[...] são um conjunto de serviços oferecidos por uma sociedade, associação ou organização, para gestão e disseminação da produção técnico-científica em meio digital”.
Para Silva (2010, p. 17), o repositório é uma ferramenta útil no compartilhamento da informação produzida pela comunidade científica; sua utilidade é favorecer a visibilidade da produção intelectual e o desenvolvimento da ciência.
Para as universidades os repositórios servem como ferramentas de marketing, e de comunicação e habilidade em propor qualidade, mostrando produções dos docentes, pesquisas d,os estudantes, projetos de serviços públicos e várias atividades e coleções. Nesse sentido, esses repositórios podem incluir preprints e postprints de artigos de periódicos, relatórios técnicos e disponibilizar dados de pesquisa, dissertações, teses, trabalhos em andamento, coleções significativas de imagens, material didático e materiais que documentam a memória da instituição.
Quanto ao acesso e à utilização, atualmente os repositórios representam fontes potenciais com um grande volume de informações, dados, imagens e resultados de pesquisas importantes. Mesmo sendo novo o movimento, o tempo utilizado para planejar e formular políticas institucionais para as comunidades pode tornar-se um processo lento; cada instituição escolhe suas próprias políticas de acesso e utilização de materiais em depósitos. Essa escolha dos materiais é realizada a partir das determinações dos direitos autorais.
Nesse contexto, podem-se destacar as políticas para construção de um repositório. Uma política para uma instituição acadêmica, sem fins lucrativos, deve estabelecer objetivos e metas que vão definir como seus repositórios serão formados e mantidos. O Ibict lidera, no Brasil, o
processo de disseminação da produção técnico-científica pelas instituições de ensino superior e pesquisa [...], demonstrando a liderança e capacidade desse Instituto em elaborar e coordenar programas e ações de incentivo para que as instituições de ensino e pesquisa de todo o país disponibilizem, por meio do acesso aberto, sua produção científica (SILVA; ALCARÁ, 2009, p. 113).
Segundo a caracterização de Drake (2004), a cultura institucional é outro aspecto importante a ser considerado no âmbito das políticas de acesso aberto. Uma estrutura organizacional de colaboração e confiança no do ambiente da instituição pode determinar critérios para depósitos de materiais nos repositórios, provenientes esses materiais de cada comunidade ou de um organismo central, com a participação de pesquisadores.
Além disso, Drake (2004) afirma que, em relação aos aspectos legais, os bibliotecários e administradores responsáveis pela manutenção de repositórios é quem assegura que todos os requisitos legais sejam respeitados. Nesses requisitos incluem-se software apropriado e licenças de conteúdo. Para garantir a interoperabilidade é necessário empregar padrões desenvolvidos que comportem questões relacionadas ao acesso aberto. Nessas normas incluem-se o Open Archival Information System (OAIS), o Modelo de Referência, o Open Archives Metadata Harvesting Protocol e a codificação e transmissão de Metadados Standard. A sustentabilidade depende de um trabalho em conjunto e da vontade de ouvir opiniões de outros membros da equipe, para que as decisões sejam tomadas dentro de seu contexto de trabalho. Também o financiamento é questão fundamental que envolve o compromisso de longo prazo de uma gestão. Um repositório não tem o poder de manutenção própria. A equipe de TI e bibliotecários devem saber quais são as causas de mudanças no hardware e software e quais os padrões adotados e ser capazes de organizar o sistema com coerência e conformidade.